segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Poema da Pedra Filosofal


 Eles não pensam que o futuro
É uma constante da vida
Tão concreta e definida
Como outra coisa qualquer,
Como esta pedra enrugada
Em que me deito e sonho alto,
Como este ribeiro correndo
Em sossego,
Como estes pinheiros altos
Que em verde e oiro se agitam
Em bebedeiras de azul.
    
 Eles não sabem que o amor
  É vinho, é espuma, é fermento,

  Bichinho álacre e ávido,
  De nariz pontiagudo,
  (que procura através de tudo)
  Num perpétuo movimento.

       Eles não pensam que o futuro
  É tela, é cor, é bem desenhado,
  Base, fuste, capitel,
  Arco em ogiva, vitral,
  Pináculo de catedral,
  Contraponto, cantoria
  Máscara grega, magia,
  Que é retorta de alquimista,
  Mapa do mundo distante,

Roda dos ventos, infante,
  Caravela quinhentista,
  Que é Cabo da Boa Esperança,
  Ouro, canela, marfim,
  Florete de espadachim,
  Bastidor, local de espetáculo,
  Colombina e Arlequim,
  Tática voadora,
  Para-raios, locomotiva,
  Barco de proa festiva,
  Alto-forno, geradora
  Colisão do átomo, radar,
  Sinfonia, televisão,
  Desembarque em foguetão
  Na superfície solar.

    Eles não pensam nem sonham,
 Que o futuro comanda a vida.
 Que frequentemente que um homem imagina
 O mundo pula e flui. 

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